Proposta de emenda à LDO 2020, articulada
pela SBPC e apresentada pelo deputado João H. Campos (PSB/PE), havia sido
vetada pela presidência da República. Em nova análise no Congresso, o veto foi
derrubado nessa quarta-feira pela maioria dos parlamentares.
Por Jornal Ciencia
O Congresso Nacional derrubou nessa quarta-feira, 4 de
março, o veto presidencial à emenda apresentada pelo deputado João H. Campos
(PSB/PE) ao PLN 51/2019, que modificou a Lei de Diretrizes Orçamentárias para
2020 (LDO 2020). A proposta mantida pelos parlamentares protege os recursos
voltados para as atividades de desenvolvimento científico e tecnológico
realizadas pela Embrapa, Fiocruz, IBGE e Ipea de contingenciamentos neste ano.
A emenda foi articulada pela Sociedade Brasileira para
o Progresso da Ciência (SBPC) como forma de resguardar o orçamento das unidades
fora do Ministério da Ciência, Tecnologia, Comunicações e Inovações (MCTIC)
pertencentes ao Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI).
Desde o início da tramitação da LDO, Campos vem solicitado a aprovação da
ressalva, mas quando a LDO foi sancionada, em dezembro de 2019, o item
foi vetado pela equipe econômica. Ontem, no entanto, o Congresso restaurou a
proteção com folga.
Na Câmara dos Deputados, 282 parlamentares votaram a
favor da derrubada do veto e 167 contra. No Senado, os vetos foram rejeitados
por 50 votos a 15. A derrubada definitiva do veto garante parte da verba
destinada à CT&I não corra risco de ser bloqueada em 2020.
Além da salvaguarda dos orçamentos para ciência nessas
unidades, os parlamentares aprovaram por acordo a extensão dessa proteção para
os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FNDCT). Todo o orçamento do MCTIC voltado para a ciência – incluindo gastos
com pessoal – já estava blindado do contingenciamento desde a promulgação da
LDO 2020. O reforço do impedimento do contingenciamento do FNDCT previsto na
emenda tem função política relevante, demonstrando a importância de preservar o
financiamento da ciência brasileira.
Contingenciamento X Reserva de Contingência
A proibição do contingenciamento, no entanto, não
soluciona um dos grandes problemas do setor: a captura pelo Tesouro Nacional de
mais de R$ 5 bilhões de recursos que deveriam ser destinados à pesquisa
científica para a chamada Reserva de Contingência. Essa reserva é feita pelo
governo federal para equacionar os indicadores macroeconômicos do governo,
ficando à disposição do Tesouro para a cobertura de riscos, como flutuações
arrecadatórias e déficits fiscais, servindo também para a composição do
superávit fiscal. Na prática, o dinheiro retido na Reserva de Contingência, que
deveria ser investido na ciência brasileira, é desviado para outras
destinações, deixando a descoberto parte da programação orçamentária do setor.
Com isso, a proteção do contingenciamento conquistada
na LDO apenas impede que os recursos mantidos no setor sejam cortados novamente
pelo governo ao longo de 2020. O efeito positivo do impedimento do
contingenciamento é que o setor de ciência e tecnologia poderá programar suas
atividades com mais tranquilidade no próximo ano tendo a garantia de que o
governo terá que liberar todos os recursos aprovados na Lei Orçamentária Anual
(LOA) pelo Congresso Nacional, sem ficar à mercê da liberação fracionada de
recursos feitas pelo Poder Executivo.
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