É
essa linha que baliza o arrocho no funcionalismo, a virtual extinção do SUS, a
precarização laboral, o fim dos reajustes do salário mínimo, a quase extinção
do investimento público e a dominância do financismo.
Por Gilberto
Maringoni - GGN
O que Bolsonaro e Guedes levaram ao Congresso é uma
nova Constituinte. Sem mais nem menos. As novas PECs alteram radicalmente o
funcionamento do Estado e suas relações com a sociedade.
A tática é ousada. No terreno da política e da disputa
de hegemonia, colocaram a mídia de joelhos, impuseram uma pauta diversionista –
AI-5, casa 58, fake news etc. – e contaram com um movimento social golpeado
desde 2015 por uma recessão planejada que abriu caminho para o desmonte do
movimento sindical.
Há muitos bodes na sala. É pouco provável que a
extinção de municípios prospere. O centro está na proposta de mudança no artigo
6º. da Carta:
“Parágrafo único. Será observado, na promoção dos
direitos sociais, o direito ao equilíbrio fiscal intergeracional.”
Ou seja, constitucionaliza-se o ajuste fiscal.
É essa linha que baliza o arrocho no funcionalismo, a
virtual extinção do SUS, a precarização laboral, o fim dos reajustes do salário
mínimo, a quase extinção do investimento público e a dominância do financismo.
Vale comparar a ousadia extremista de Bolsonaro e
Guedes em onze meses de gestão com a passividade bovina de 13 anos de
administração que evitou realizar mudanças estruturais no país. A vida melhorou
muito entre 2003-16. Mas isso se deu em espaços consentidos, que não tocaram
interesses dos bancos, da imprensa, dos donos da terra e do dinheiro.
Pagamos caro pelo cavalo-de-pau na política econômica
sem combinação prévia com o eleitorado. Pagamos pelo legado de 12 milhões de
desempregados e por uma depressão que acarretou a queda de 8% do PIB.
Não há prostração possível. O país está se tornando um
barril de pólvora social. Estamos na fase de resistência. É preciso ajustar as
táticas de luta à nova realidade. A esquerda precisa estar sintonizada às dores
e carências da população e se colocar diante dos problemas reais do emprego, do
salário, da fome, da saúde etc.
É urgente traduzir o estupro constitucional em cinco
pontos claros, sintéticos e compreensíveis.
Será duro. Mas nunca ninguém se colocou do lado canhoto
da sociedade esperando sombra e água fresca.
(De uma conversa com Artur Araújo)
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