Por Pedro Grigori - Agência Pública/Repórter
Brasil
O cenário mundial não está
favorável aos fabricantes de glifosato. O herbicida enfrenta vetos em países
europeus e mais de 18 mil ações nos tribunais nos Estados Unidos que relacionam
o seu uso a doenças como o câncer.
Mas, no Brasil, o
agrotóxico mais vendido no mundo não só teve a licença de comercialização renovada
como também, oficialmente, tornou-se menos perigoso aos olhos do governo
brasileiro.
Isso porque, após a
reclassificação de toxicidade aprovada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), 93 produtos formulados à base de glifosato tiveram a
classificação de toxicidade reduzida, segundo um levantamento inédito realizado
pela Agência Pública e Repórter Brasil com base na publicação no Diário
Oficial.
Antes, 24 produtos à base
do herbicida eram considerados “Extremamente Tóxico”. Agora não há nenhum
produto enquadrado na categoria máxima de toxicidade.
O levantamento mostrou
ainda que três produtos se mantiveram na mesma classe toxicológica.
“Esse alerta vai sair da
embalagem do glifosato, um produto que pode corroer a córnea. A embalagem agora
será igual a de qualquer produto de uso doméstico. Estamos seguindo contra
todos os alertas que o mundo está abrindo para o glifosato”, afirma Luiz
Cláudio Meirelles, pesquisador da Fiocruz.
A portaria que diminuiu a
classificação de risco dos produtos à base de glifosato foi publicada em julho
deste ano. Agora, só receberá o alerta máximo os pesticidas que causarem morte
ao serem ingeridos ou entrarem em contato com os olhos ou pele. Especialistas
acreditam que as mudanças vão afetar mais aqueles que manuseiam os produtos,
porque o símbolo de perigo, a caveira, passará a ser usado apenas no rótulo de
produtos que causem a morte ao serem ingeridos ou entrar em contato com olhos e
pele. Os demais agrotóxicos terão apenas um símbolo de atenção.
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