"Bolsonaro está projetando nos outros o que ele faria. Talvez
ele seja uma pessoa capaz de um gesto de vingança dessa forma. É uma declaração
doente e doente a gente não considera, a gente trata". Foto:
Queimadas na Amazônia repercutem
no mundo todo (Greenpeace Brasil)
A
declaração do presidente Jair Bolsonaro, que culpou ONGs pelo aumento das
queimadas na Amazônia este ano, causou espanto e indignação entre as
organizações e também entre parlamentares.
"Bolsonaro
está projetando nos outros o que ele faria. Talvez ele seja uma pessoa capaz de
um gesto de vingança dessa forma. É uma declaração doente e doente a gente não
considera, a gente trata", disse o coordenador de políticas públicas do
Greenpeace, Marcio Astrini.
"Se
fosse um grileiro de terra falando isso eu acharia lamentável. Como é o
presidente da República dando uma declaração dessas, eu fico sem palavras para
dizer, é uma coisa inaceitável", completou.
Carlos
Rittl, coordenador-executivo do Observatório do Clima, lembra que Bolsonaro foi
eleito com um agenda que classifica de "antiambiental".
"E
implementa agora uma agenda de ataque ao meio ambiente, com redução da
fiscalização e tolerância jamais vista com quem desmata e queima florestas. A
responsabilidade pela explosão do desmatamento e incêndios florestais, assim
como pela destruição da imagem e reputação do país no exterior, é
exclusivamente sua, de seu ministro de Meio Ambiente e de seu governo como um
todo", afirmou.
Na manhã
desta quarta-feira (21), o presidente afirmou que ONGs podem estar por trás do
aumento das queimadas por terem perdido recursos e estarem querendo atingi-lo.
Bolsonaro admitiu, no entanto, que não tem provas dessas afirmações.
"O
crime existe. Isso temos que fazer o possível para que não aumente, mas nós
tiramos dinheiro de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De modo que esse
pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter
ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra minha pessoa, contra
o governo do Brasil?, afirmou o presidente.
Questionado
sobre se tinha provas do que estava falando, Bolsonaro disse que "essas
coisas não tem nada escrito".
Diego
Casaes, do Instituto Avaaz, acusou o presidente de tentar distrair a sociedade
da crise de desmatamento ilegal na Amazônia.
"Não
podemos nos distrair enquanto o coração do Brasil está queimando. Por sorte
vemos agora os próprios eleitores de Bolsonaro extremamente preocupados sobre a
Amazônia. O presidente precisa parar de espalhar falsas acusações e começar a
proteger a Amazônia", disse em uma nota enviada à Reuters.
Ex-ministros
do Meio Ambiente estão entre os que reagiram à acusação feita por Bolsonaro.
Carlos Minc, ministro durante o segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva,
classificou a fala do presidente de "inacreditável".
"Não
apresenta provas, só convicção. Nem plano anti-queimadas. Ele e (o ministro do
Meio Ambiente Ricardo) Salles ligam motosserra, acendem pavio e apontam o dedo!
Ecocidas!", escreveu o ex-ministro em sua conta no Twitter.
A
ex-ministra Marina Silva, candidata à Presidência em 2010, 2014 e 2018, também
usou as redes sociais para criticar o presidente.
"A
Amazônia está em chamas. O Ministro do Meio Ambiente fala em fake news e
sensacionalismo. O presidente diz que ONGs podem estar por trás disso. A falta
de compromisso com a verdade é uma patologia crônica. Essa postura
irresponsável só agrava a emergência ambiental no Brasil", escreveu.
Coordenador
da Frente Parlamentar do Meio Ambiente, o deputado Nilton Tato (PT-SP).
"O
governo Bolsonaro mais uma vez faz uma declaração estapafúrdia para na verdade
não deixar claro para a sociedade as políticas de desmonte na área ambiental
que ele vem introduzindo", disse.
Beba na
Fonte: domtotal
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