segunda-feira, 10 de junho de 2019

Quem é? Glenn Greenwald ganhador Prêmio Pulitzer de Jornalismo que revela “sórdida conspiração” no judiciário brasileiro

O jornal britânico The Guardian ganhou seu primeiro prêmio Pulitzer graças ao trabalho de Glenn Greenwald e Laura Poitras, os dois jornalistas que publicaram os documentos vazados por Edward Snowden, ex-agente da Agência Nacional de Segurança (NSA). (foto Breitbart)

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Edward Snowden durante uma entrevista em junho de 2013. THE GUARDIAN AFP

O ‘The Guardian’ e o ‘Post’ ganham o Pulitzer pelas revelações de Snowden

O jornal britânico The Guardian ganhou seu primeiro prêmio Pulitzer graças ao trabalho de Glenn Greenwald e Laura Poitras, os dois jornalistas que publicaram os documentos vazados por Edward Snowden, ex-agente da Agência Nacional de Segurança (NSA). O furo jornalístico, compartilhado inicialmente com o The Washington Post, é considerado uma das notícias mais importantes dos últimos anos e consolidou a influência do The Guardian no setor midiático norte-americano.

O júri destacou que a reportagem exclusiva do Post “ajudou os cidadãos a entenderem como as revelações se encaixam no âmbito da segurança nacional”, além de observar que a contribuição do britânico The Guardian “provocou, graças a uma investigação agressiva, um debate acerca da relação entre o Governo e os cidadãos em assuntos de segurança e privacidade”. Snowden, por sua vez, declarou que o prêmio é “o reconhecimento do papel dos cidadãos no Governo” e agradeceu aos jornalistas por terem contribuído para trazer à tona as suas revelações.

Nas últimas semanas, os meios de comunicação dos EUA destacaram a polêmica envolvendo a possibilidade dessa premiação, já que o furo teria sido praticamente impossível sem os vazamentos de Snowden, que foi acusado de traição e se asilou na Rússia após se apropriar de documentos sigilosos. O Pulitzer não premiava trabalhos jornalísticos baseados no vazamento de informações desde as reportagens sobre os chamados Papéis do Pentágono, em 1971.

Em sua 98ª. edição, o Pulitzer também reconheceu, na categoria de notícias de última hora, a cobertura do jornal The Boston Globe após o atentado de abril de 2013 na Maratona de Boston, em que três pessoas morreram e 260 ficaram feridas. O The New York Times, publicação mais premiada na história do Pulitzer, somou mais dois troféus, na categoria fotografia, graças às imagens feitas por Tyler Hicks durante um ataque terrorista em um shopping center de Nairóbi e ao trabalho do seu colega Josh Harner retratando uma das vítimas do atentado de Boston.
Pela segunda vez, o Pulitzer reconheceu o jornalismo de uma organização sem fins lucrativos, o Centro para a Integridade Pública, que repete a conquista da ProPublica. Chris Hamby, um dos seus repórteres, revelou uma trama em que médicos e advogados conspiraram para negar assistência médica a mineiros com doenças pulmonares, uma denúncia que levou a suposta negligência a ser resolvida pela Justiça.

O prêmio na categoria de jornalismo internacional foi dado a Jason Szep e Andrew Marshal, da agência Reuters, por sua reportagem a respeito da violenta perseguição à minoria muçulmana que foge de Myanmar. Um jornal local do Colorado, o The Gazette, recebeu o prêmio de reportagem nacional por seu trabalho investigativo a respeito da situação dos veteranos após deixarem o Exército. A organização destacou as ferramentas on-line que complementam a informação dessa reportagem.

Mais uma vez, o Pulitzer chamou a atenção para o impacto que os trabalhos publicados tiveram sobre os cidadãos. É o caso da investigação realizada pelo The Tampa Bay Times sobre as regras hipotecárias que causaram uma disparada nos despejos na cidade, e que levou a reformas legislativas na Flórida.
O material de Snowden que rendeu o Pulitzer ao The Guardian e ao The Washington Post incluía milhares de documentos pertencentes à NSA, trazendo à tona diversos programas da agência, como a coleta de dados de telefonemas e e-mails de cidadãos norte-americanos. Nas páginas do The Guardian, Greenwald e Poitras revelaram também as escutas do Governo norte-americano contra líderes internacionais como a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, e a presidenta brasileira, Dilma Rousseff, provocando uma crise diplomática sem precedentes nos últimos anos. Na semana passada, Greenwald e Poitras receberam o prêmio George Polk, dividido com o jornalista Barton Gellman, do The Washington Post, em reconhecimento pelo mesmo trabalho.
O júri do Pulitzer é composto por 19 jornalistas, editores, executivos e professores universitários. O prêmio homenageia Joseph Pulitzer, fundador da Escola de Jornalismo da Universidade Columbia, e reconhece ano após ano os melhores trabalhos da imprensa tradicional e na internet, bem como nos campos da poesia, ficção e música.

A CONSOLIDAÇÃO DE 'THE GUARDIAN' NOS ESTADOS UNIDOS
C. F. P.
O jornal The Guardian comemora o Pulitzer, nesta segunda-feira, com “orgulho e gratidão”, diz a diretora da sua edição norte-americana, Janine Gibson. A publicação britânica desembarcou nos Estados Unidos em 2011, com cerca de 20 jornalistas, e apenas dois anos depois confirmava sua relevância no panorama midiático norte-americano compartilhando um furo de importância internacional.
O júri do Pulitzer acaba de reconhecer essa aposta. “Foi um ano de trabalho intenso, exaustivo e às vezes arrepiante nessa investigação”, afirma Gibson a respeito da revelação, publicada inicialmente em conjunto com o The Washington Post. O The Guardian passou os meses seguinte explorando o material, apesar das pressões que enfrentou, tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido. “Nós nos sentimos muito gratos pelo reconhecimento por parte dos nossos companheiros de que as revelações de Edward Snowden e o trabalho dos jornalistas implicados representam uma grande conquista no serviço público do jornalismo”.
O jornal britânico decidiu criar uma edição norte-americana – combinando conteúdos próprios gerados em Londres e em Nova York – depois de observar que um terço de seus leitores acessava o site a partir dos EUA. As aspirações do The Guardian nunca foram de competir com os meios norte-americanos, e sim oferecer a visão de jornalistas estrangeiros a respeito da atualidade norte-americana, abordando temas e pontos de vista ausentes nos veículos nacionais. Essa aposta ainda não se reverteu em lucros que tirem o The Guardian das dificuldades econômicas que atravessa, mas o Pulitzer também é um reconhecimento a essa estratégia.


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