DCM – Publicado no BRASIL
DE FATO em fevereiro de 2018
O nióbio é um metal branco, brilhante, de baixa dureza,
extraído principalmente do mineral columbita.
Nos Estados Unidos é chamado mais de colúmbio.
É muito resistente à corrosão e a altas temperaturas, e
basta adicionar alguns gramas de nióbio a uma tonelada de aço para deixá-lo
mais leve e com maior resistência a fraturas e torções.
O nióbio é atualmente empregado em automóveis; turbinas
de avião; gasodutos; tomógrafos de ressonância magnética; nas indústrias
aeroespacial, bélica e nuclear; além de outras inúmeras aplicações como lentes
óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos e até piercings.
O metal existe em diversos países, mas 98% das reservas
conhecidas no mundo estão no Brasil e nosso país é responsável atualmente por
mais de 90% do volume comercializado no planeta, seguido por Canadá e
Austrália. Apesar do seu uso crescente e das inúmeras possibilidades de
aplicação, o nióbio não tem a importância e o valor que possuem, por exemplo, o
ouro e o petróleo. Mas é natural que o virtual monopólio brasileiro desperte
cobiça e preocupação das maiores potências econômicas.
O site Wikileaks divulgou documento secreto do
departamento de estado americano no qual as minas brasileiras de nióbio eram
incluídas na lista de locais cujos recursos e infraestrutura são considerados
estratégicos e imprescindíveis aos EUA. Depois disso, uma fatia da CBMM, maior
produtora mundial de nióbio, foi vendida para companhias asiáticas, numa
transação bilionária. E em 2011, um grupo de empresas chinesas, japonesas e
sul-coreanas comprou 30% do capital da mineradora com sede em Araxá (MG) por
us$ 4 bilhões.
O Brasil detém praticamente todo o nióbio do planeta,
mas esse potencial é desaproveitado, o que se esperaria é que o Brasil tivesse
uma estratégia muito bem definida por se tratar de uma matéria-prima
fundamental para as indústrias de tecnologia de ponta e que pode ser vista como
uma fortaleza para a produção de energias limpas e para o próprio
desenvolvimento industrial do País. Com a produção restrita a dois grupos
econômicos, é “evidente” que o interesse estrangeiro é exportar o nióbio do
Brasil “ao menor preço possível”.
O Brasil poderia ganhar até 50 vezes mais o que recebe
atualmente com as exportações de ferro-nióbio, caso ditasse o preço do produto
no mercado mundial e aumentasse o consumo interno do mineral. Nosso país
deveria usar o nióbio como um trunfo para atrair mais investimentos e
transferência de tecnologia. “se o Brasil parasse de produzir ou vender nióbio
hoje, isso geraria certamente um caos”, pois existe uma enorme pressão de fora
para obter um produto do qual eles precisam a um preço acessível. Apesar de deter
quase um monopólio do nióbio, o governo brasileiro nunca definiu uma política
específica para o metal ou um programa voltado para o desenvolvimento de uma
cadeia industrial que vise agregar valor a este insumo.
Pesquisa e edição: João Baptista Pimentel Neto.
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