terça-feira, 5 de março de 2019

A VACA FOI PARA O BREJO


Do Jornal Bom Dia

O que todo mundo tinha certeza se confirma: a restauração da Ponte Hercílio Luz é um caminho por onde são desviados milhões de recursos. Esse poço sem fundo sangra os cofres públicos e o nosso bolso há 30 anos. Demorou, mas o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) moveu (17/12) uma ação de improbidade administrativa contra quatro empresas e oito pessoas para que devolvam mais de R$ 233 milhões desviados nas obras da Ponte Hercílio Luz.
A ação é da promotora de Justiça Darci Blatt, que pede ao juiz da 1ª Vara da Fazenda a indisponibilidade dos bens de todos os envolvidos num total de R$ 233.675.518,92.

Estão envolvidos seis pessoas do Deinfra, dois empresários e quatro empresas. 

São elas: 

Romualdo França e Paulo Meller (ex-presidentes do Deinfra); Wenceslau Diotallévy, Antônio Carlos Xavier, e Nelson Luiz Picanço (ex-servidores do Deinfra); Lyana Cardoso (servidora do Deinfra); Wilfredo Brillinger e Paulo Almeida (empresários); e as empresas Prosul, Concremat, Espaço Aberto e CSA Group.

O MPSC investiga a obra desde 2006, principalmente contratos com acréscimos de valor, alterações de projeto, carência de licitação, falta de fiscalização e aplicação de multa, além subcontratações.

Os envolvidos tiveram enriquecimento ilícito e lesaram o patrimônio público. Segundo o MPSC houve descumprimento proposital da Lei de Licitações, com aditivos de até 25% do valor total do contrato.

A empresa de fiscalização, segundo a promotora, foi conivente. “O conluio entre as empresas e a ganância por mais e mais aditivos quando se tem um consórcio que recebe regularmente os valores do contrato para realizar a restauração da ponte, mas não efetua pelo menos 50% (da obra).

E de outro lado, outro consórcio que recebe para ‘fiscalizar’ as obras de restauração sem que o faça efetivamente, já que se mostra bem mais interessante fechar os olhos para tais equívocos, evitando, assim, que multas sejam aplicadas e rescisões ocorram de forma mais célere para que, dessa forma, possa ir permanecendo com o decorrer dos anos e recebendo verbas estratosféricas com aditivos escancaradamente abusivos”, diz a promotora. Buraco fundo – O que o Ministério Público descobriu é apenas uma parte do buraco.

 A Hercílio Luz, que já foi um marco na engenharia mundial na época da sua construção, virou um símbolo de desperdício e desvio de dinheiro público. Com 92 anos, inaugurada em 13 de maio de 1926, agora a Hercílio Luz é considerada “a maior teta pública da história de Santa Catarina”, segundo publicou o jornal Bom Dia, na edição 47.

É difícil saber quantos milhões foram gastos na sua manutenção e restauração desde que foi desativada em 1982. Um dos cálculos, da Transparência do Governo, estima em R$ 429 milhões (com o último aditivo de R$ 37 milhões).Outro, do Ministério Público de Contas, estima em R$ 562 milhões, segundo relatório do procurador Diogo Ringenberg que foi entregue há dois anos à 26ª Promotoria de Justiça. Com esse vagalhão de recursos daria para ter construído três pontes novas em Florianópolis.

A de Laguna, por exemplo, inaugurada em 2015 e que tem 2.800 metros custou R$ 700 milhões. A Hercílio Luz é duas vezes e meia menor: tem 819 metros. Façam as contas. Mas rápido antes que roubem a calculadora.

Nenhum comentário: