terça-feira, 20 de novembro de 2018

O quilograma não é mais o mesmo: entenda a mudança do valor da unidade

Antes atrelado a um objeto, valor da unidade de massa agora dependerá de uma constante da natureza(FOTO: FLICKR/MARCO VERCH)

Por Revista Galileu

Em um cofre trancado a três chaves no porão do Pavilhão de Breteuil, na periferia de Paris, há um cilindro de platino-irídio que pesa um quilo. Na verdade, o cilindro é “o” um quilo, o Protótipo Internacional do Quilograma (IPK, em inglês), usado para calibrar todos os padrões oficiais a unidade de massa.

Após 129 anos de serviços prestados, porém, o protótipo teve sua aposentadoria anunciada na sexta-feira (16) durante a 26ª Conferência Geral de Pesos e Medidas. Nela, os 60 Estados membros votaram de forma unânime a favor de que, a partir do ano que vem, a unidade de massa seja um valor derivado de uma constante da natureza. Ele era a última unidade fundamental cuja definição ainda dependia da comparação com um objeto físico. De acordo com a revista Smithsonian, a partir de maio de 2019, todas unidades de medidas serão baseadas em constantes da natureza.

Entenda o caso:

Afinal o que era o IPK?
O IPK, também conhecido como "Le Grand K", era usado para calibrar cópias espalhadas pelo mundo, que por sua vez serviam para calibrar balanças de alta precisão científicas. Além dele, o cofre continha seis “testemunhas”, cópias oficiais que atuavam como garantia de que a massa do Le Grand K não havia mudado.

Em um cofre trancado a três chaves no porão do Pavilhão de Breteuil, na periferia de Paris, há um cilindro de platino-irídio que pesa um quilo. Na verdade, o cilindro é “o” um quilo, o Protótipo Internacional do Quilograma (IPK, em inglês), usado para calibrar todos os padrões oficiais a unidade de massa.

Após 129 anos de serviços prestados, porém, o protótipo teve sua aposentadoria anunciada na sexta-feira (16) durante a 26ª Conferência Geral de Pesos e Medidas. Nela, os 60 Estados membros votaram de forma unânime a favor de que, a partir do ano que vem, a unidade de massa seja um valor derivado de uma constante da natureza. Ele era a última unidade fundamental cuja definição ainda dependia da comparação com um objeto físico. De acordo com a revista Smithsonian, a partir de maio de 2019, todas unidades de medidas serão baseadas em constantes da natureza.

O GRANDE K, MODELO PARA O QUILO (FOTO: WIKIMEDIA) 
AS MUDANÇAS DO QUILOGRAMA PODEM NÃO FAZER DIFERENÇA PARA NÓS NO DIA A DIA, MAS MUDA E MUITO A VIDA DE NEGÓCIOS QUE DEPENDEM DE ESCALAS MINÚSCULAS 

Por que a mudança?

Nos últimos anos, a massa do IPK variou pelo menos 50 microgramas (milionésimos de grama) em comparação com as testemunhas. O problema é que não é possível afirmar que ele perdeu massa, porque o IPK sempre será (ou seria) um quilo. Os cientistas não sabem ao certo se ele perdeu ou ganhou massa, mas que o peso variou por causa de partículas imperceptíveis agregadas do ar durante suas limpezas. Mas isso, é claro, rendeu boas dores de cabeça, especialmente em indústrias que dependem de medidas pequenas e precisas.

Como será a nova medida?
A nova cifra que vai definir a unidade de massa é a constante de Planck, que relaciona o pesos a uma corrente elétrica, o que deve garantir que não mudará com o tempo. A aprovação levou tantos anos porque até pouco tempo atrás não havia tecnologia suficiente para colocá-la em prática. Agora, um aparelho chamado balança de Watt (ou de Kibble ou de potência) permite que o padrão do quilograma seja calibrado.

O que isso significa na prática?
Para o seu dia a dia, nada. Mas, em âmbitos científicos, como o desenvolvimento de medicamentos, pode ser muito importante, visto que as medidas serão muito mais precisas — tanto as muito pequenas quando as muito grandes.

E o que vai acontecer com Le Grand K?
Ele vai continuar existindo, mas servirá como um padrão a mais, com uma incerteza que agora pode ser calculada.

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