Os comandantes partidários
buscam também definir diretrizes para fugir do 'hegemonismo' do PT
Por Bernardo Bittar - CB
Líderes do PDT, de Ciro Gomes; do PCdoB, de Manuela
D'Ávila; e do PSB, que tentou lançar o ministro aposentado Joaquim Barbosa à
Presidência da República; se reuniram durante a semana para discutir maneiras
de se opor ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara. Juntas, as legendas
elegeram 69 deputados para o próximo mandato, que começa ano que vem. Sozinho,
o PSL terá 52 deputados em 2019. O acordo de atuação conjunta seria uma
resposta ao "hegemonismo" que o PT pretende impor durante a
legislatura dos próximos quatro anos.
Desde terça-feira (30/10) os caciques se reúnem na
Câmara e nos diretórios regionais dos partidos. Ontem, houve novo encontro para
definir que diretrizes serão tomadas para fugir do PT, que, com 56 deputados,
"quer impor" o modus operandi da casa legislativa aos demais partidos
que farão oposição a Bolsonaro. O líder do PDT, André Figueiredo (CE), afirmou
que a ideia é trabalhar um modelo de oposição construtivo para o país. "O
que não podemos aceitar, de forma alguma, é o hegemonismo que infelizmente o PT
quer impor aos demais partidos do campo dele."
Nos encontros entre líderes partidários, que também
contou com a presença de Orlando Silva (PCdoB-SP) e Tadeu Alencar (PSB-CE), o
comentário é que "fazer uma oposição propositiva" a Jair Bolsonaro
significa colocar em discussão alternativas a propostas apresentadas pelo
presidente eleito. "Passadas as eleições e fechada a composição das casas
legislativas e do Executivo, a maior preocupação dos partidos é como definir o
apoio no Congresso. Quais deputados serão, ou não, oposição. Tem gente pensando
na janela partidária, inclusive", explicou um assessor que esteve em uma
das reuniões.
Ao Correio, o deputado Julio Delgado (PSB-MG) detalhou
que as conversas são apenas para "convergir as ações dos partidos em
trabalho que possa resultar em ação efetiva de quem não quer fazer terceiro
turno das eleições" na Câmara. O parlamentar explicou que há uma sintonia
entre as legendas que buscam um caminho alternativo para conduzir a oposição a
Bolsonaro. Sobre o possível isolamento do PT na Casa, o deputado afirmou que
"ninguém está discutido o PT". O tema, no entanto, teria sido
discutido em visita do ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PDT) ao gabinete do
Delegado Francischini (PSL-PR).
Para o cientista político Breno Milhomen, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), a posição é natural e ocorre
no momento propício. "Definido o segundo turno, está na hora de alinhar as
ideias com os partidos. Não necessariamente haverá conflito de ideias, mas, alguns
desencontros podem ocorrer. Os integrantes da esquerda querem reagir à bancada
extensa de Bolsonaro -- que pode crescer ainda mais na janela partidária -- e
ao Centrão rumando ao governo em supostas conversas com o PSL", analisou.
No primeiro turno da eleição presidencial, o PDT
recebeu 13,3 milhões de votos (12,4%) e ficou em terceiro lugar. O PSB não
apoiou nenhum candidato após a saída de Barbosa e, o PCdoB, que havia acordado
a vice-Presidência de Fernando Haddad (PT) foi para o segundo turno. No último
domingo, a chapa esquerdista perdeu para Bolsonaro. O PDT manifestou
"apoio crítico" a Haddad e Manuela e o PSB deixou a neutralidade de
lado para apoiar o petista e a socialista.
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