O
Programa FARMACIA POPULAR possui duas modalidades: [1] FARMÁCIA POPULAR-REDE
PRÓPRIA (parceria do Governo Federal com estados e municípios) e [2] AQUI TEM
FARMACIA POPULAR (parceria do governo federal com farmácias e drogarias da rede
privada.
por Rui Daher no GGN
Em junho de 2013, escrevi em meu blog na Terra
Magazine, de Bob Fernandes, logo republicado neste GGN, o artigo “O sistema
‘Farmácia Popular´ fora do ar”.
https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-sistema-farmacia-popular-fora-do-ar-por-rui-daher
Vejo que o tema volta à seriedade “Estadão” do “Jornal
de todos os Brasis” e abandono as galhofas, agora exclusivas em minha página do
Facebook, para, a propósito dos vários desacatos ao País feitos pelo ilegítimo
governo de Michel Temer, transmitir e-mail que recebo do leitor Eduardo S.,
sobre o assunto.
Aí vai, com algumas permissividades editoriais minhas:
“Caro Rui,
Li sua materia recentemente (2013 ?) sobre o sistema
fora do ar da farmácia popular (rede de drogarias).
Os Ministério da Saúde, Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais
de Saúde (CONASEMS) se reuniram na quinta-feira, 30 de março, para a 3ª reunião
ordinária da Comissão Inter gestores Tripartite de 2017.
Foi decidida a interrupção da FARMACIA
POPULAR-REDE PROPRIA, devido aos altos custos com fiscalização,
armazenamento e distribuição. Serão mantidas as farmácias credenciadas no
programa “AQUI TEM FARMACIA POPULAR” e os recursos totais serão
reinvestidos na assistência farmacêutica básica do SUS.
O Programa FARMACIA POPULAR possui duas modalidades:
[1] FARMACIA POPULAR-REDE PRÓPRIA (parceria do Governo Federal com estados e
municípios) e [2] AQUI TEM FARMACIA POPULAR (parceria do governo federal
com farmácias e drogarias da rede privada.
Existem 3 formas que o Governo Federal tem de enviar
verbas de medicamentos para a população:
a) FARMACIA POPULAR- REDE PROPRIA: distribui 112 tipos
de medicamentos (grátis e também com descontos) e custa R$ 80 milhões. Este
modelo que o governo quer acabar;
b) FARMACIA POPULAR-AQUI TEM: distribui (grátis e
também com desconto) 25 tipos de medicamentos e custa R$ 3,3 bilhões;
c) VERBA REPASSADA A TODOS OS MUNICÍPIOS PARA POSTOS DE
SAÚDE DO BRASIL PELO GOVERNO FEDERAL: R$ 980 milhões para farmácias das
unidades básicas de saúde e postos de saúde:
PROGRAMA
|
CUSTO AO GOVERNO FEDERAL
|
TIPOS DE MEDICAMENTOS DISTRIBUIDOS
|
PREÇO
|
FARMACIA POPULAR-REDE PROPRIA
|
R$ 80 MM
|
112
|
Anticoncepcional similar ao
MESYGINA; valor tabelado R$ 1,13
|
FARMACIA POPULAR-AQUI TEM (drogarias
privadas)
|
R$ 3,3 BB
|
25
|
Anticoncepcional similar ao
MESYGINA; valor MÉDIO: R$ 11,31
|
POSTOS DE SAUDE DE MUNICIPIOS EM
TODO O BRASIL
|
R$ 980 MM
|
200 a 300
|
Anticoncepcional similar ao
MESYGINA: GRÁTIS
|
(a) TABELA
PRECOS FARMACIA POPULAR-REDE PROPRIA: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/fevereiro/20/elenco-fp1-20-08-12.pdf
A extinção do farmácia popular-rede própria terá impacto
de 10% na verba do Governo Federal aos municípios e 2,4 % na farmácia
popular-aqui tem.
A extinção da farmácia popular-aqui tem terá impacto de
mais de 300% na verba do Governo Federal aos municípios, locais que
deveriam ir, pois além de distribuir gratuitamente os medicamentos do farmacia
popular-aqui tem custam até 163 mais.
ENTÃO:
1. Por que querem acabar com um
programa como o farmácia popular-rede própria que distribui 112 tipos de
medicamentos a preços baixos e que custa R$ 80 milhões?
2. Por que querem manter um
programa como a farmácia popular aqui tem, que distribui apenas 25 tipos de
medicamentos e custa R$ 3,3 bilhões, cerca de 3 vezes mais do que a verba
distribuída aos municípios cujos postos de saúde distribuem grátis cerca de 200
a 300 tipos de medicamentos?
3. Por que o setor privado
recebe mais verba federal do que o setor público?
4. Qual dos dois programas
realmente deveria incomodar o governo federal?
5. Se o programa é burocrático
porque não inova os processos de trabalho com uso de tecnologias e novos
modelos de gestão em vez de extingui-lo?
6. Por que o governo federal
não extingue um programa como a farmácia popular-aqui tem que, além de ter
fraudes que chegam a 40%, gasta 3 vezes mais que as verbas destinadas a TODOS
os municípios do Brasil que distribuem GRATUITAMENTE cerca de 200 a 300 tipos
de medicamentos?
7. Essas fraudes não são
devidamente controladas pois falta pessoal para fiscalizar.
Os preços de
referência do Aqui Tem Farmácia Popular são até 2.500% mais altos que os
praticados em licitações públicas de secretarias municipais e estaduais país
afora. É o caso do Captopril 25 mg, que tem preço unitário de R$ 0,27 no
programa AQUI TEM, mas, quando comprado pelas redes públicas, com dinheiro
federal, sai em média a R$ 0,01.
Essa política farmacêutica, a meu ver equivocada,
talvez privilegie o lucro e justifique o crescimento do comércio
varejista de medicamentos, pois a Federação Brasileira das Redes
Associativistas e Independentes de Farmácias menciona o Programa Farmácia
Popular como incentivador do crescimento do setor.
Estudo feito na FIOCRUZ, em 2016, no Rio de
Janeiro, mostra que o gasto com medicamentos pelo Programa AQUI TEM foram R$
124 milhões, enquanto que estes mesmos medicamentos custaram à Rede Municipal
apenas 28 milhões (cerca de 4 vezes menos).
Os postos de saúde estão mais bem distribuídos e
presentes em municípios menores do que farmácias e drogarias privadas, e gastam
4 vezes menos comparados ao Programa AQUI TEM. Além disso, eles recebem hoje
cerca de R$ 5,10 mensais por habitante e irão receber R$ 18,00 caso a
verba do AQUI TEM seja remanejada para eles.
Conto com sua sensibilidade para divulgar e esclarecer
melhor esta situação, pois as siglas deste programa atrapalham a discussão e
facilitam o processo de privatização da saúde”.
Taí, Eduardo. A discussão agora é com os leitores do
profundo GGN.
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