"Mediapart" tem foco em
reportagens investigativas e análises equilibradas
KENNEDY ALENCAR
PARIS
Veículos de comunicação, da nova e da velha mídia,
quebram a cabeça para pagar as contas em tempos de internet. O “Mediapart”,
jornal eletrônico lançado em 16 de março de 2008, encontrou uma solução. Paga
as contas e passou a dar lucro.
Receita: informações relevantes em primeira mão (furos)
e análises e opiniões fundamentadas e equilibradas no acalorado debate público
francês.
Atualmente, o “Mediapart” é o veículo de maior
repercussão na França. Ao contrário dos jornais tradicionais, que ainda mantém
prestígio, ele não depende de subvenção pública. O Mediapart não aceita
subsídios do governo. Vive das 130 mil assinaturas que alcançou em 2017 e
aportes financeiros de “amigos”.
O jornal foi criado por dois jornalistas renomados do
Le Monde, Edwy Plenel e François Bonnet. Funcionou no vermelho em 2009 e 2010.
Entrou no azul a partir de 2011. Perdeu dinheiro na virada de 2014 para 2015. Terminou
o ano passado com lucro de quase dois milhões de euros.
Os assinantes pagam 11 euros por mês se tiverem mais de
25 anos. Para jovens até essa idade e aposentados, a assinatura custa 5 euros
mensais.
Uma seção importante, O Clube, abriga blogs dos
leitores. A moderação é feita posteriormente. Se é publicado algo considerado
ofensivo pela linha editorial, o leitor recebe uma advertência. Na segunda
reprimenda, o blog é cancelado. Hoje, há cerca de 40 mil blogs _aproximadamente
500 foram interrompidos.
O diretor editorial, François Bonnet, diz que o
leitorado é diversificado do ponto de vista ideológico, com peso maior para um
público de esquerda. “Mas temos leitores de extrema-direita também”, afirma.
As informações exclusivas são o carro-chefe da
publicação, que é diária. O lucro é reinvestido no jornal. No lançamento, eram
24 jornalistas e 8 pessoas no administrativo. Hoje, são 45 jornalistas e 29
funcionários na administração, comercial etc.
O “Mediapart” tem versões em francês, inglês e
espanhol. O lema do jornal é: “Somente nossos leitores podem nos
comprar”. Vale conhecer. Veja aqui.
“42” e Paris-2024
O governo francês organizou um programa com duração de
uma semana para jornalistas do Brasil que trabalham na internet. O tema é “A
Inovação na França”. Além da visita ao Mediapart, o grupo de cinco brasileiros,
entre os quais o autor deste blog, esteve hoje na “42”, uma escola de
informática, e no comitê da candidatura de Paris para sediar os Jogos Olímpicos
de 2024.
Na “42”, há um
projeto bancado por um bilionário, Xavier Niel, que criou um fundo de 100
milhões de euros para financiar durante dez anos a formação de 10 mil alunos. É
dedicado a jovens até 30 anos que queiram desenvolver projetos em informática.
Muitos estudantes vêm da periferia parisiense e também
do campo francês. Em geral, concluem o curso em três anos e acabam
arrumando empregos com remuneração acima da média.
No comitê da
Paris-2024, Gianluca Pesapane, um pariense filho de pai italiano, fez uma
apresentação da candidatura Olímpica. Ele esteve no Rio para acompanhar o
Carnaval e a Copa de 2014. Queria torcer para o Flamengo para fazer amigos mais
facilmente, mas acabou ficando chapa de um vascaíno e virou torcedor do time de
São Januário.
Paris compete com Los Angeles para sediar os Jogos
Olímpicos de 2024. O enfoque da candidatura reside na ideia de uma cidade em
que compartilhamento é uma realidade do espaço público e da vida cotidiana.
Os defensores de Paris
sabem que Los Angeles, a rival, tem Hollywood como cabo eleitoral, mas apostam
na funcionalidade da cidade (transporte público eficiente e hotelaria para
todos os bolsos), com um evento concentrado no deslumbrante centro histórico,
para ter o direito de sediar os jogos em 1924, cem anos depois da última
Olimpíada. Os jogos de 1900 e 1924 aconteceram na Cidade Luz.
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