Editorial do site Vermelho:
O descompasso entre o país real e o país supostamente
legal voltou a ficar extremamente visível desde a o golpe
midiático-parlamentar-judicial consumado com o afastamento da presidenta
legítima Dilma Rousseff em 31 de agosto.
A crise não para de crescer e se aprofundar e ameaça
desbordar as esferas político-institucional e econômica e se transformar num
conflito social aberto, como se tem assistido nos acontecimentos do Rio de
Janeiro, que nesta terça-feira (6) voltaram a conflagrar aquele estado.
Os golpistas assaltaram o poder para, ocultos pelo
biombo de uma falsa moralidade, pôr um ponto final nos avanços sociais, mesmo
pequenos, que ocorreram sob Lula e Dilma, e reservarem os recursos públicos
prioritariamente para o pagamento dos juros exigidos pela ganância financeira e
especulativa.
O conflito entre o país que quer emprego, distribuição
de renda, desenvolvimento, democracia e cumprimento da lei, e o país dos
conservadores corruptos e entreguistas, que submetem a lei a interesses
contrários aos da nação, manifesta-se sobremaneira no esfrangalhamento
institucional que o Brasil vive nestes dias.
A mediocridade autocomplacente daqueles que tomaram de
assalto o poder, com o aplauso e a cumplicidade da mídia conservadora e de
direita, aparece em “jogadas” políticas torpes onde o país e o bem-estar dos
brasileiros são a última das considerações. Os homens que ocuparam os poderes
da República, longe de apenas não se entenderem entre si, se agridem
institucionalmente numa ciranda aparentemente sem fim. E tentam, com escasso
amparo constitucional, golpear-se uns aos outros, ferindo a legalidade e o povo
brasileiro.
Esta ciranda começou, em abril, com a investida contra
a presidenta legítima Dilma Rousseff. Os golpistas não pararam de se digladiar
deste então, e o país assiste estupefato às investidas do Judiciário contra o
Legislativo, ou de um presidente da República decorativo contra a Constituição
e os direitos sociais; tudo isso num esgarçamento institucional nunca visto em
nosso país.
Cresce, neste cenário nebuloso, a responsabilidade
daqueles que, firmes no cenário do Brasil real, empenham-se em encontrar saídas
para a crise. O que está em jogo é o destino do Brasil e dos brasileiros.
Reencontro baseado na exigência do respeito escrupuloso
à lei e aos direitos humanos, inclusive de qualquer acusado que não pode ser
prejulgado e submetido a práticas que se assemelham a linchamentos e configuram
o retorno a práticas ditatoriais que os brasileiros repudiam.
O diagnóstico feito pela direção nacional do PCdoB, em
reunião realizada no final de semana (dias 2 a 4), ressalta a responsabilidade
das forças democráticas, populares e patrióticas que, para serem capazes de
cumprir esta tarefa, precisam urgentemente se unirem em uma ampla aliança para
enfrentar e derrotar o retrocesso representado pelo golpe ilegal cometido pela
direita e pelos conservadores.
É preciso formar uma frente ampla pelo Brasil, pela
produção e pelo trabalho. E reforçar a luta para que o país volte à via do
desenvolvimento e da democracia, em benefício de todos os brasileiros. Contra a
corrupção, contra a especulação financeira e rentista. Pela reconciliação entre
país legal que respeita a Constituição e país real, superando a ruptura
provocada pela direita e pelos conservadores.
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