Josias
de Souza
Michel Temer decidiu render homenagens aos mortos de
Chapecó. Bom! Acompanhado de Marcela, sua mulher, o presidente voará para a
cidade catarinense neste sábado. Ótimo!! Após determinar o transporte dos
mortos pela FAB, Temer deseja confortar os parentes. Extraordinário!!!
A coisa parecia caminhar bem. Até que… O setor de
inteligência do governo farejou o risco de protestos. Temer foi aconselhado a evitar o velório. Com medo de vaias,
concordou. Deve cumprimentar os parentes no aeroporto, em cerimônia a ser
realizada após o desembarque dos corpos. Se é assim, melhor ficar em casa.
O aeroporto esvazia a morte do seu sentido dramático.
Os defuntos estarão fora do seu ambiente natural. Prevê-se uma solenidade de
distribuição póstuma de medalhas. Os parentes serão constrangidos a trocar a
espontaneidade da dor por uma máscara cerimoniosa. Um desastre!
Pai do zagueiro Filipe, Osmar Machado declarou: “Eu não
preciso do cumprimento dele no aeroporto. Se ele tem dignidade e vergonha na
cara, que venha aqui [no velório a ser realizado no estádio municipal]
cumprimentar as pessoas.''
Temer talvez devesse ouvir menos seus assessores. Há
risco de protestos em Chapecó? Pior para os organizadores, que desrespeitam o
luto alheio. No mais, resta constatar: um presidente da República que não pode
frequentar um velório talvez esteja vivendo seu próprio funeral.
Em política, quando o vivo é pouco militante muitos têm
vontade de lhe enviar coroas de flores.
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