Por outro lado,
ilações de jornal que teve acesso à delação, sobre denúncias do ex-presidente
da empreiteira contra Lula e Dilma, não se confirmaram
Dentre os 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht
a delatar nas sequências de acordos desde a última semana, o mais esperado é de
Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo. Um dos seus depoimentos à
Lava Jato ocorreu nesta segunda-feira (12), em Curitiba. Segundo a Folha de S.
Paulo, Marcelo confirmou o repasse de R$ 10 milhões ao PMDB a pedido de Michel
Temer.
O ex-presidente da empreiteira reafirmou que, em maio
de 2014, Michel Temer convidou Odebrecht e o ministro da Casa Civil, Eliseu
Padilha, para acertar o pagamento do montante em caixa dois para a campanha
peemedebista. O destino do dinheiro teria sido decidido por Padilha.
Entretanto, Marcelo confirmou que parte dessa remessa
foi feita, em dinheiro vivo, em São Paulo, no escritório de José Yunes,
assessor e amigo de Temer.
Na última semana, Severino Motta do BuzzFeed já havia
adiantado o conteúdo de delação de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de
Relações Institucionais da Odebrecht, informando que José Yunes recebeu R$ 10
milhões da empreiteira para as campanhas peemedebistas, a pedido de Temer, em
2014.
Com mais detalhes, o executivo disse que dos R$ 10
milhões, R$ 6 milhões, ou seja, mais da metade, eram destinado a Paulo Skaf,
então candidato do PMDB ao governo de São Paulo, e outros R$ 4 milhões seriam
destinados a Padilha para as campanhas do partido.
Yunes é conselheiro amigo de Temer há 40 anos, já se
considerando "psicoterapeuta político" do peemedebista, e foi nomeado
para a assessoria especial da Presidência e teria recebido, em espécie, parte
desse montante, como caixa dois para a sigla.
"Os recursos que Melo Filho cita em sua delação
não foram depositados em contas partidárias conforme manda a Justiça Eleitoral.
Aos investigadores, ele revelou que um dos endereços de entrega do dinheiro
teria sido a rua Capitão Francisco, nº 90, em São Paulo. Justamente a sede do
escritório José Yunes e Associados", adiantou Severino Motta, na última
semana.
A reportagem da Folha, que reforça o depoimento de
Marcelo, faz ilações e suposições sobre o conteúdo da delação de Emílio
Odebrecht, pai de Marcelo e patriarca da empresa, que também prestou depoimento
desde terça-feira (13) à equipe de procuradores da Lava Jato.
Na suposição do jornal, tanto Emílio, quanto Marcelo,
deverão falar sobre a relação da empreiteira com os ex-presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Dilma Rousseff. Por outro lado, se o diário teve acesso à
primeira delação do ex-presidente, como informou confirmando os dados relativos
a Temer, significa que o executivo não trouxe dados sobre os ex-mandatários
petistas, como previu.
"Marcelo deve contar como pediu à ex-presidente
Dilma que intercedesse para que a Caixa Econômica ajudasse no financiamento da
obra –os dois teriam discutido o assunto numa visita ao estádio. Os relatos
apresentados aos procuradores informam que Marcelo era o responsável por tratar
dos assuntos da empreiteira com a alta cúpula do Executivo, ou seja, a
Presidência da República", publica a reportagem.
Entretanto, a suposição ainda não foi confirmada e não
integrou as delações realizadas, pelo menos por Marcelo Odebrecht, até esta
segunda-feira (12). O executivo ainda deve prestar outros depoimentos.
Conforme o GGN mostrou,
o caso traz à tona outro episódio tentando envolver o atual presidente da
República: a tentativa de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e um dos
caciques do PMDB, de apontar que se a tese de Moro e da Lava Jato fosse correta
sobre liderar uma das frentes de corrupção na Petrobras, Temer
não só saberia de tudo, como também seria ele o responsável.
Fonte:
Jornal GGN
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