Controle de peso corporal com redução calórica? Uga,
uga! Tô fora!
por Janduí Tupinambán, no GGN
Se nossa receita mensal
cai, gastamos menos. Assim funciona a lógica de nossa economia doméstica. A
mesma coisa para nosso corpo.
Se consumíamos 2500
calorias/dia e passamos a consumir 2000 calorias/dia, nos adaptamos para
queimar 2000 e não 2500 calorias.
A redução calórica para os
obesos é, na verdade, irrelevante a longo prazo. O foco não pode ser nas
calorias que entram e sim, nas calorias que saem. Se você conseguir manter as
calorias que saem em um nível alto, então você tem uma chance de perder peso. O
Princípio da Redução Calórica (abreviação americana CRaP – Calories Reduction
as Primary) não irá absolutamente te ajudar a perder peso. Este método na
literatura possui uma taxa de 99% de falha.
Existe um deprimente
reality show nos EUA, The Biggest Loser, em que os participantes obesos são,
além de humilhados, submetidos a restrição calórica e malham que nem uns
malucos. Uma pesquisa acompanhou 14 participantes deste programa idiota e
constataram: 13 deles voltaram aos seus pesos “normais” de antes do início do
show.
Um estudo com 14 pessoas é
pouco, concordo. Então vamos a uma pesquisa da Human’s Healty Iniciative – um
programa nascido em 1991 patrocinado pela agência governamental do governo dos
EUA – National Institutes of Health – preocupados com a saúde da mulher de meia
idade.
Neste estudo 50.000
mulheres foram submetidas a uma redução calórica de 350 calorias. A expectativa
era uma perda de 13.6kg/ano. Depois de 7 anos a perda foi de 13.6 * 7 = 95kg?
Não. Foi de apenas 110 gramas. Isto mesmo, gramas. Pausa pra chorar,
coitadinhas.
Uma pesquisa ainda em 1950
já tinha demonstrado que a redução calórica leva o metabolismo basal a
despencar (energia basal: aquela que gastamos somente para estar vivos).
Nesta pesquisa o cientista
Ancel Keys (1904 – 2004) submeteu indivíduos a uma dieta de 1500 calorias / dia
e os forçaram a caminhar 20 milhas por semana bem ao estilo The Biggest Loser.
Interessante como os americanos adoram esta palavra Loser.
Mas, enfim, o que
aconteceu com o metabolismo basal dessas pobres criaturas? Eles comeram por
volta de 30% a menos e o metabolismo basal caiu aproximadamente 30%. Uma conta
simples e darwiniana: o corpo percebeu que o mar não estava pra peixe e
economizou energia. Os indivíduos sentiram frio, cansaço e fome. É o que em
nutricionismo se chama “modo fome” ligado.
Com este modo ligado, os hormônios da fome ficam enfurecidos e o
pouquinho a mais que se como é o suficiente para ganhar o pouquinho de peso que
foi perdido à custa de muito sofrimento. E o pior: o “modo fome” ligado além de
levar à uma queda acentuada do metabolismo basal, preserva esta queda por até 5
anos seguidos mesmo após o abandono da restrição calórica!
O leitor mais astuto
concluirá: ora, então, a restrição calórica não se sustenta e a médio prazo ela
contribui para ganho de peso! É isso?
Sim, é isso!
Sendo assim, não podemos
culpar estas vítimas de dietas com restrições calóricas. Elas não são culpadas
de nada. Não é falta de força de vontade. A verdade é que a regra “Coma menos e
mova-se mais” estabelecida pelas dietas convencionais repressoras é garantia de
fracasso. A regra está equivocada. Comer
de 3 em 3 horas? Pior ainda!
Sendo assim, vamos começar a mudar nossos conceitos.
Aprendemos até aqui que:
1. Cortar calorias coloca nosso corpo no
modo fome. E isso é uma péssima notícia.
2. A chave para perder peso a médio e longo
prazo é manter nosso metabolismo basal não diminuindo nossa saída de calorias.
O que devemos fazer para
não entrarmos no modo fome e desregular para baixo nosso metabolismo basal? É a
própria fome ou jejum prolongado. Temos que deixar nosso corpo sentir fome.
Calma. Vamos tentar entender o que está acontecendo
quando ficamos em jejum:
a) Algumas mudanças hormonais acontecem as
quais não existem quando estamos em restrição calórica.
b) O corpo percebe que você está sem comida.
c) Aí, começa a aparecer os hormônios do
crescimento.
d) Noradrenalina começa a surgir e a
insulina cai. São os chamados hormônios “contra regulatórios” que naturalmente
entram em ação quando estamos em jejum.
e) Os hormônios do crescimento mantêm a
massa magra e não deixa o metabolismo basal cair.
Em 4 dias de jejum, por
exemplo, o metabolismo basal não cai pelo contrário, aumenta em 12%.
Vamos tratar a questão por
um lado evolutivo. Imagine que você é um homem da caverna vivendo
“tranquilamente” há 1 milhão de anos atrás no Norte do planeta. É inverno e
Papai Noel ainda nem existia! Lá se vão 4 dias sem comer. Bem, dois dias atrás
você comeu uma pelota de neve com vezes de um mamífero qualquer (arghhh!).
Neste cenário, se seu corpo entrasse no modo fome a coisa complicaria:
letargia, cansaço, frio e sem energia para procurar comida. Os dias passariam e
os sintomas do modo fome só aumentariam seu tormento. Beleza. Se assim fosse
todos os problemas atuais da humanidade estariam resolvidos: você morreria e a
espécie humana seria apenas mais uma que não teria dado certo neste planeta.
Mas não é isto que
aconteceu. Pelo contrário. Nossos genes são bem mais espertos, já diriam Darwin
e Richard Dawkins. Seu corpo abre o generoso estoque de energia armazenada.
Você passa a utilizar as suas gorduras. Você está com fome. Muita fome. Sua
fome mantém seu metabolismo basal nas alturas e assim, você tem energia
suficiente para ir atrás de comida de verdade e ainda dar umas porradas no cara
da caverna ao lado que está sempre de olho nas suas fêmeas. É isso aí! Chega de
cocô de alce congelado! Vamos à caça!
E enquanto você estiver
com fome o modo fome não é ligado até que suas reservas cheguem em perigosos 4%
- o que é muito raro (prova disto são seus bilhões de descendentes que você
deixou por aqui). E melhor ainda: você não usa sua própria proteína como fonte
de energia. Seria o mesmo que usar partes de um motor de um carro como
combustível. Já imaginou ficar sem gasolina na estrada e jogar a embreagem do
carro no tangue de combustível para acabar de chegar? A evolução não é idiota
como este idiota motorista.
Nosso corpo segue sempre o
caminho mais fácil. Gorduras possuem mais energia e são mais fáceis de serem
quebradas do que as proteínas. Isto é: gastamos menos energia para obter
energia da gordura do que gastamos para obter da proteína. Com a fome, enzimas
que facilitam o acesso às células adiposas são liberadas e assim, você vai à
caça e não morre de fome no inverno – nem perde suas namoradas para o vizinho!
Recapitulando, ficamos assim:
1. Cortar calorias vai te colocar no modo
fome. Seu metabolismo basal vai cair. Se
ferrou. Vai sair menos calorias e você não vai perder peso.
2. A chave para perder peso a longo prazo é
manter o metabolismo basal que significa: manter as calorias de saída no alto.
3. “Comer menos e se movimentar mais” já se
mostrou falho. Cuidado: esta regra furada é a preferida da maioria dos médicos
e nutricionistas. Corra desta turma!
4. A fome ou o jejum não o coloca no modo
fome, pelo contrário. Dispara os hormônios do crescimento que ajudam você a
queimar gorduras.
Significa que o processo
de perda de peso sempre implica em sofrimento onde somos torturados com
restrição calórica ou temos que passar fome? Que merda!
Calma. Não é bem assim.
Podemos emagrecer comendo com prazer até se fartar. Como eu que perdi 12 quilos
em 4 meses brincando de comer.
Quer saber como?
Ah! Ia me esquecendo: o
cara da foto é parente meu. E seu também!
Abraços a todos!
Este post foi inspirado e
baseado no artigo de Jason Fung:
https://www.dietdoctor.com/biggest-loser-fail-ketogenic-weight-loss-study-success
Nenhum comentário:
Postar um comentário