Por Agência Brasil
A Proteste - Associação de Consumidores encontrou
substâncias irregulares em carnes da Friboi, Frialto e Montana e nas mortadelas
Cerrati e Confiança. Os resultados foram divulgados hoje (19) pela entidade.
Entre as substâncias estão aditivos para conservação e outras que indicam
deterioração dos produtos.
A Proteste constatou a presença de nitrato em cortes de
contrafilé Friboi JBS e nas picanhas Frialto e Montana. Segundo a entidade,
esse aditivo é empregado nos produtos cárneos com o objetivo de melhorar o
aspecto e prevenir o crescimento microbiológico, além de atuar como um
antioxidante, ou seja, atua aumentando o tempo de conservação desses produtos.
O uso dessa substância, no entanto é restrito a carnes
processadas e embutidas – e, ainda assim, dentro de um certo limite, já que
acima dele, cogita-se que o nitrato dê origem a componentes tóxicos e até
cancerígenos. Apesar de a quantidade estar dentro do limite seguro para consumo
humano, "nas carnes frescas e congeladas, como é o caso das citadas, sua
utilização é proibida", diz nota da associação.
Segundo a Proteste, esse aditivo pode estar sendo usado
pelas empresas para encobrir falhas no processamento do alimento ou alteração
na qualidade do produto.
Nas mortadelas foi constada a presença de peróxidos
acima do esperado. "Como são os primeiros compostos que se formam quando
uma gordura se deteriora, esse resultado demonstra que os produtos não estavam
bem conservados e apresentavam algum tipo de deterioração, estando, por
exemplo, rançosas", diz a Proteste.
A associação enviará os resultados ao Ministério da
Agricultura requerendo aumento da fiscalização, bem como a retirada do mercado
das amostras que contém peróxidos e nitrato. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) também receberá cópia desses resultados.
As amostras analisadas tiveram a validade expirada até
no máximo 2 de maio. Mesmo assim, a Proteste orienta os consumidores que tenham
os lotes analisados em casa a procurarem os serviços de Atendimento ao
Consumidor das empresas e exigirem a substituição.
Outro lado
Em nota, a Friboi diz que suas carnes in natura são
comercializadas livres de quaisquer conservantes e que não utiliza nitrato em
nenhum momento do processo. "A marca coloca-se à disposição para enviar a
lista oficial de compras da unidade citada, bem como de todas as outras plantas
que fabricam produtos in natura, e, assim, comprovar que a substância não é
adquirida por essas plantas", diz.
A empresa criticou o estudo e disse que a Proteste
"não informou o laboratório que realizou a análise e o laudo apresentado
não atende ao padrão estabelecido pela norma técnica da ABNT ISO/IEC 17025/2005
para emissão de resultados".
A Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com a
Montana e nem com a Confiança. A reportagem aguarda posicionamento da Frialto e
da Ceratti.
Carne Fraca
Os resultados fazem parte da segunda fase do estudo com
carnes bovinas, embutidos e cortes de frango. O objetivo é avaliar se os
produtos comercializados em diversos estabelecimentos também apresentavam as
inconformidades citadas pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca.
A Operação Carne Fraca foi deflagrada em março deste
ano pela Polícia Federal. A principal denúncia referia-se a comercialização de
carne adulterada no mercado interno e externo.
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